quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Espórtulas e Taxas na Igreja

Aposto que você, assim como eu, por inúmeras vezes se perguntou o porquê da Igreja cobrar taxas para celebrar Batizados, Casamentos, etc. O Prof. Felipe Aquino, em seu blog vem explicar



Espórtulas são os valores cobradas pela Igreja quando ministra alguns Sacramentos (Batismo, Crisma e Matrimônio), e especialmente a santa Missa por alguma intenção especial.
Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que esta medida longe está de se querer cobrar pelo sacramento ministrado. Cada um deles é impagável porque custou o preço do Sangue precioso de Jesus para a nossa salvação. Os sete sacramentos brotaram do Coração de Jesus transpassado pela lança na Cruz. É através deles que as graças da salvação que Cristo nos conquistou chegam a nós, e isso é impagável.
Então, por que a Igreja cobra uma taxa para celebrar alguns deles?
A prática das espórtulas é inspirada no Novo Testamento e existe durante quase dois mil anos. Esta prática tem duplo sentido:
1) para quem oferece sua dádiva é uma forma de participar de maneira mais íntima na oblação eucarística e nos frutos desta; é expressão da fé e do amor com que tem acesso ao Pai por Cristo no Espírito Santo; assim as espórtulas se justificam como a expressão da fé e do amor dos fiéis que desejam participar mais intimamente dos frutos da S. Missa.
2) para a Igreja é um meio de sustentação legítimo, baseado na Tradição bíblica e que não se trata de simonia, isto é, de comércio com as coisas sagradas.
Após o Concílio do Vaticano II (1962-1965), que fez um balanço da vida da Igreja, considerando as suas necessidades, o Papa Paulo VI regulamentou as espórtulas de Missa, em 13/06/1974, quando publicou o Motu próprio “Firma in Traditione”, em que dizia:
“É tradição firmemente estabelecida na Igreja que os fiéis, movidos por seu espírito religioso e seu senso eclesial, acrescentem ao sacrifício eucarístico um certo sacrifício pessoal, a fim de participar mais estritamente daquele. Atendem assim às necessidades da Igreja e, mais particularmente, à subsistência dos seus sacerdotes. Isto está de acordo com espírito das palavras do Senhor: ‘o trabalhador merece o seu salário’ (Lc 10,7), palavras que São Paulo lembra em sua primeira carta a Timóteo (5,18) e na primeira aos Coríntios (9,7-14)”.
“O clero que, por seu trabalho, merece receber o necessário para se sustentar, deveria ter sua subsistência garantida por um sistema de financiamento independente de ofertas feitas por particulares ou pelos fieis que peçam serviços religiosos”.
Depois disso o assunto foi regulamentado também pelo Papa João Paulo II em 22 de janeiro de 1991, no Decreto SOBRE AS ESPÓRTULAS, preparado pela Sagrada Congregação para o Clero.
O Código de Direito Canônico. promulgado em 25/11/83, quando fala das espórtulas, diz, entre outras coisas:
Cânon 945 – § 1. “Segundo costume aprovado pela Igreja, a qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa, é permitido receber a espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determinada intenção”.
§ 2. Recomenda-se vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem receber nenhuma espórtula, celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos pobres.
Cânon 946 – “Os fiéis que oferecem espórtula para que a Missa seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com essa oferta, para bem da Igreja e participam de seu empenho no sustento de seus ministros e obras”.
Cânon 947 – “Deve-se afastar completamente das espórtulas de Missas até mesmo qualquer aparência de negócio ou comércio.”
No início a Igreja os cristãos ao participar da S. Missa levavam consigo dons naturais (pão, vinho, leite, frutas, mel…). Depois passou a se fazer doações também em dinheiro por ser mais prático. A Igreja, como uma sociedade também humana e inserida neste mundo, precisa de dinheiro para exercer a missão de pregar o Evangelho que Cristo lhe confiou, desde os tempos de Jesus. Os doze Apóstolostinham uma caixa comum (cf. Jo 12,6). Jesus aceitava que algumas mulheres os ajudassem com seus bens, entre elas Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, Susana e várias outras (cf. Lc 8,1-3). A primeira comunidade cristã em Jerusalém praticava a voluntária partilha de bens (cf. At 2,44; 5,1-6). Jesus elogiou a oblação da viúva no Tesouro do Templo: “Em verdade eu vos digo que esta viúva, que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro. Pois todos os outros deram do que lhes sobrava; ela, porém, na sua penúria ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver” (Mc 12,42-44).
E aqueles que não têm dinheiro para mandar celebrar a S. Missa?
A Igreja reza diariamente por todas as grandes intenções e necessidades da humanidade (os doentes, os moribundos, os encarcerados, os falecidos…) de também pelas almas do Purgatório, em todas as Missas. Assim, não há almas abandonadas no Purgatório por falta de dinheiro da parte dos familiares.
Quando todos os católicos pagarem o dízimo – que a Igreja não obriga que seja 10% do que a pessoa ganha, embora seja bom -, então, certamente não será mais preciso cobrar taxas para a celebração dos sacramentos como o Batismo, Crisma e Matrimônio. Mas isso ainda não é comum; por isso a Igreja precisa das taxas para suas necessidades materiais.
O Código de Direito Canônico diz:
Cânon 222 § 1. “Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros.”
O que o Catecismo diz no §2043: ” Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja

Professor Felipe Aquino



Espero que tenha ajudado!

A Paz!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quem já não teve "namoradinha" que fez aborto?



O governador do Rio de Janeiro fez esta pergunta lamentável e chocante em um evento em SP, e criticou o uso do tema na campanha política para Presidente; e afirmou que a legislação – que considera o aborto crime – é “falsa” e “hipócrita”. (Folha de SP – 15/12/10).
É preciso responder esta sua infeliz pergunta.
Gostaria de responder ao Governador, em meu nome – e creio, em nome de muitos – que jamais tive “uma namoradinha que fez aborto”.Jamais eu teria a coragem de usar uma moça; e, pior ainda, depois fazê-la abortar. A formação que recebi de meus pais, de meus professores, e pela voz de Deus que fala na minha consciência, jamais eu teria a coragem de tal ato hediondo e pecaminoso.
O namoro não é um tempo de brincadeira, de vivência sexual vazia e irresponsável, onde se pode gerar uma criança e depois matá-la ainda no ventre da mãe. Por isso são lamentáveis as palavras do sr. governador. E não se pode justificar este crime hediondo com a desculpa de um jovem ainda imaturo que tem o “direito” de brincar no namoro e com a vida dos outros.
A pergunta do sr. governador nos leva a entender que ele deseja que o aborto seja descriminalizado para que os jovens imaturos possam continuar matando o fruto de um namoro sem compromisso, irresponsável?
Será que há meninas que possam ser usadas como “namoradinhas” de uso e abuso? Quem aceitaria isso para sua filha ou irmã? Ora, é preciso ter mais respeito a tantas meninas e moças que se tornam vítimas nas mãos de rapazes desumanos. Quantas tiveram mesmo que abortar? E quantas estão sozinhas criando seus filhinhos porque tiveram a coragem e a dignidade de respeitar a vida do seu filho?
Quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil a última vez, em 1997, fez uma pregação para os jovens no Maracanã, quando disse, entre muitas coisas que: “Por causa do chamado “amor livre” há no Brasil milhares de filhos órfãos de pais vivos”. E muitos nem mesmo tem o “direito de nascer”. Que uma criança seja órfã porque o pai morreu, paciência, mas deixá-la órfã com o pai vivo, sem o seu carinho e proteção, é uma covardia.
O namoro é o tempo sagrado onde dois jovens se encontram para começar a construir um casamento e uma futura família; é um tempo de conhecimento recíproco, respeito e amor. Mas não o amor erótico, mas o amor de Deus. Jesus mandou que nos amássemos, mas “como Ele nos amou”. E Ele nos amou pregado numa cruz. Isso é amor; uma decisão de fazer o outro feliz, e não de usar e abusar do seu corpo e depois matar o fruto desse “amor livre”. A grande crise dos casamentos e das famílias é a crise do amor. Amar não é gostar egoisticamente de alguém.
O Sr. governador do Rio de Janeiro afirma que manter a lei da criminalização do aborto é hipocrisia. Eu gostaria de perguntar-lhe o que é, então, matar uma criança inocente e indefesa no ventre da mãe?
O Instituto de Pesquisa “Vox Populi” acabou de publicar uma pesquisa, encomendada pelo Portal iG, divulgada em 5/12/2010, onde mostra que 82% dos brasileiros são contra a legalização do aborto, 87% contra a liberação das drogas e 60% contra as uniões civis de homossexuais. Para 72% das pessoas, “o futuro governo da presidente Dilma Rousseff não deveria sequer propor alguma lei que descriminalize o aborto” – a posi&cc edil;ão é compartilhada por católicos (73%), evangélicos (75%) e membros de outras religiões (69%).
Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=279234
Portanto, a posição do sr. governador contrasta radicalmente contra o que deseja o povo brasileiro. Como pode um governante se opor tão paradoxalmente à vontade popular, se ele foi eleito para representar esse povo? Por outro lado, a pergunta do governador mostra um descaso tão grande à vida do ser humano ainda não nascido, e um desrespeito tão grande ao namoro, que faz doer o coração. Será que não há lições melhores a serem dadas aos nossos jovens? Será que algumas autoridades não deveriam pensar melhor naquilo que dizem?
Prof. Felipe Aquino